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segunda-feira, 8 de julho de 2024

+1(-1)

 

Hoje completo mais um ano de vida. E sempre que faço aniversário, reflito no grande paradoxo: Comemoramos por mais um ano de vida, mas, ao mesmo tempo, menos um ano. Celebramos cada sonho conquistado, cada momento feliz, agradecemos pelas pessoas que entraram em nossas vidas e de alguma forma contribuíram para o nosso crescimento... Enfim, somos gratos por tudo de bom que vivemos. 

Por outro lado, olhamos para os anos que se passaram e percebemos que cada vez mais estamos envelhecendo, que vivemos tempos em que não voltarão mais, que perdemos a disposição para algumas coisas que antes gostávamos de fazer... Olhamos para trás e nos arrependemos de muitos erros que cometemos. Geralmente dizemos a seguinte frase; "Se eu tivesse a mente que tenho hoje, teria agido diferente em algumas situações". Porém, sabemos que faríamos tudo do mesmo jeito, ou até pior, pois hoje só temos esse entendimento, justamente por termos errado da forma que erramos. Os erros fazem parte do nosso crescimento.

 Com o passar do tempo, tem uma convicção que cada vez mais cresce em nosso coração: Nada nesse mundo é pra sempre. Tudo um dia irá acabar. Dizem que até certo tempo na vida, ganhamos muitas coisas e chega um momento em que paramos de ganhar e começamos simplesmente a perder. Pessoas que amamos se vão, sonhos que realizamos se esvaem, coisas que conquistamos com muito suor, começam a desaparecer. Se vivermos sem ter essa convicção em nossa mente, quando algo começar a ir embora da nossa vida, nós vamos juntos com ele e nosso mundo também vai. Nossa alegria em viver também vai junto com nossas perdas e jamais recomeçamos, sabendo que a vida é cheia de ciclos e que por eles acabarem, precisamos estar sempre prontos a recomeçar.

Quando percebemos o paradoxo da vida, podemos representá-lo em uma equação: X = +1(-1). E qual o resultado dela? 0 (zero). O zero significava "vácuo" ou "vazio" e ao longo da história foi criado numericamente para representar um algarismo nulo, ou simplesmente o "nada". Levando em conta a equação, onde o X (Vida) é igual a zero (nada), temos a conclusão de que a vida é um nada, um vácuo, um vazio. Mas se a vida é um nada, por que vivê-la então? Qual o sentido da vida?

De fato, se vivermos essa vida pensando apenas nesse plano, nada faz sentido, pois tudo vai passar. A maior certeza que temos é de que um dia vamos morrer e com a morte tudo o que fizemos ou conquistamos também acabará, sobrando apenas memórias por parte daqueles que estiveram conosco e nos amavam. Ao pensar nessas coisas, o natural é que nosso coração fique aflito e desesperado. Porém, no decorrer de minha caminhada, conheci um grande amigo, que me apresentou o sentido da vida:
"Não deixem que seu coração fique aflito. Creiam em Deus; creiam também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se não fosse assim, eu lhes teria dito. Vou preparar lugar para vocês e, quando tudo estiver pronto, virei buscá-los, para que estejam sempre comigo, onde eu estiver. Vocês conhecem o caminho para onde vou." "Não sabemos para onde o Senhor vai", disse Tomé. "Como podemos conhecer o caminho?" Jesus disse: "Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém pode vir ao Pai senão por mim." (João 14:1-6).

Jesus disse aos seus discípulos que era o caminho, a verdade e a vida. Os disse para não ficarem aflitos, que era necessário Ele morrer, ressuscitar e ascender aos céus, porque dessa forma venceria a morte, fazendo propiciação pelos nossos pecados, abrindo o caminho para que nos reconciliássemos com o Pai, nos preparando morada, para que todos os que crêssemos Nele, a verdade, tivéssemos a vida para sempre. Ele também falou: 

"Se alguém quer ser meu seguidor, negue a si mesmo, tome sua cruz e siga-me. Se tentar se apegar à sua vida, a perderá. Mas, se abrir mão de sua vida por minha causa e por causa das boas-novas, a salvará. Que vantagem há em ganhar o mundo inteiro, mas perder a vida? E o que daria o homem em troca de sua vida?" (Marcos 8:34-37).
Ou seja, a vida só faz sentido se a ótica dela estiver firmada no Evangelho de Jesus Cristo. Se tentarmos viver essa vida à parte Dele, a perderemos, pois viemos do pó e um dia ao pó voltaremos. Não importa o que façamos, o que conquistemos, a vida será como o zero, de nada valerá. Mas se vivermos sem colocar a nossa esperança nas coisas do mundo presente e a direcionarmos para Cristo, viveremos essa vida satisfeitos, seja em momentos bons ou ruins, perdas ou ganhos, sabendo que assim como na matemática, o número zero é considerado como uma das maiores invenções da humanidade, pois a partir do 0 se abriu espaço para a criação de todas as operações matemáticas que são conhecidas atualmente, assim também é a vida com Cristo, que em meio ao nada, se torna o tudo, pois Ele estará conosco suprindo todas as nossas necessidades (Salmo 23) e nos trará a esperança da vida além daqui, nos mostrando que mesmo que tudo um dia se acabe, haverá algo que permanecerá conosco: A Sua presença e o Seu amor para todo o sempre!

Que nesse dia, ao comemorar o meu aniversário, o Senhor permaneça me sustentando em seus caminhos, pois como diz o salmista: s a fonte da vida, a luz pela qual vemos." (Salmos 36:9)  e que eu ouça o conselho de Salomão: "Acima de todas as coisas, guarde o seu coração, pois ele dirige o rumo de sua vida." (Provérbios 4:23).

segunda-feira, 1 de abril de 2024

A IMPORTÂNCIA DA DEVOCIONAL

 


Para muitos que se declaram cristãos, a vida devocional inexiste. Levados pela intensa maratona de atividades diárias, muitos simplesmente não param um tempinho sequer para refletir nos ensinos do Senhor e suas aplicações. Dizemos que não temos tempo, que andamos bastante corridos, mas sabemos em nosso íntimo que isso não é verdade, que tudo é uma questão de prioridade. E nessa imersão na vida secular, passamos a conviver grande parte do nosso tempo com ímpios e quando menos esperamos, estamos cada vez mais parecidos com eles... Pare pra pensar um pouco, ao estar junto aos seus colegas de trabalho, ou de faculdade, ou amigos não cristãos, quais são as conversas e que os rodeiam? Talvez uma análise detalhada sobre o último jogo do seu time, ou sobre a sua série favorita, ou talvez sobre os últimos acontecimentos do seu reality show favorito, etc. Vivemos todos os dias enchendo nossas mentes de coisas supérfluas e que nada de bom agregam à nossa vida. Repetimos isso diariamente e enquanto isso, nos afastamos cada vez mais de Deus. Quando foi a última vez que você pegou em sua bíblia? Você pode até dizer que hoje em dia ninguém pega mais na bíblia física, que a grande maioria acessa suas bíblias digitais, através de seus apps, pela praticidade, mas eu te pergunto: Comparando todas as atividades dos apps em seu smartphone, tablet ou computador, qual deles são usados diariamente e quais ocupam o maior tempo do seu dia? Aposto que para muitos, o da bíblia estará lá embaixo e outros estarão com tempos absurdos de uso. Se lêssemos a bíblia como dedicamos nosso tempo às redes sociais, por exemplo, nossa vida seria diferente. Então você me pergunta: O que seria diferente? O Salmo 1 nos ajuda a responder:

Feliz é aquele que não segue o conselho dos perversos, não se detém no caminho dos pecadores, nem se junta à roda dos zombadores. Pelo contrário, tem prazer na lei do Senhor e nela medita dia e noite.” Salmos 1:1-2 (NVT)

Primeiro, complementando o que já foi introduzido, quando não dedicamos tempo a refletir nos ensinamentos do Senhor e devido ao tempo que precisamos dedicar à vida secular, acabamos, ao invés de dar frutos, nos corrompendo junto aos ímpios. E isso ocorre em três graus diferentes:

1- Seguindo o conselho dos perversos. Esse é o primeiro contato, que é quando ouvimos os conselhos, as conversas daqueles que estão fora de sintonia com Deus;

2- Detendo-nos no caminho dos pecadores. Que é quando ao escutarmos e interagirmos com eles, cultivamos uma comunhão contínua com essas pessoas pecaminosas em atitudes e atos;

3- Juntando-nos à roda dos zombadores. Esse é o terceiro e pior grau, que passado os dois primeiros, é quando a pessoa se sente à vontade no meio daqueles que zombam de Deus, não querendo e nem percebendo o quão corrompido se tornou.

Esse estado em que nos colocamos, nos afeta não só espiritualmente, mas também na forma em que vemos as coisas da vida e no modo em como nos relacionamos com elas. Por não refletirmos constantemente na palavra de Deus e em seus ensinamentos e não criarmos o hábito de orar regularmente, com súplicas e ações de graças, nossa ótica fica turva e não sabemos lidar com as situações que nos advém e nem mesmo agir de forma adequada em nosso relacionamento com o próximo. Adquirimos transtornos dos mais variados tipos, preocupações exacerbadas e visamos sempre aquilo que só vai nos beneficiar em detrimento do outro. Sem perceber, somos influenciados e praticamente vivemos do mesmo modo que os zombadores na qual dizemos ser "diferentes". O Apóstolo Paulo diz o seguinte aos Coríntios:

"Não se deixem enganar pelos que dizem essas coisas, pois 'as más companhias corrompem o bom caráter'. Pensem bem sobre o que é certo e parem de pecar. Pois, para sua vergonha, eu lhes digo que alguns de vocês não têm o menor conhecimento de Deus." 1 Coríntios 15:33-34 (NVT)

Uma heresia estava se instaurando na igreja de Corinto. Alguns afirmavam que não havia ressurreição dos mortos. Então Paulo começa a argumentar que se não há ressurreição, comamos e bebamos porque amanhã morreremos, pois é inútil a fé em um Cristo que não ressuscitou e dessa forma, não expiou os nossos pecados. Nesse contexto, ele os adverte a não se deixar enganar pelos que diziam isso, citando que as más companhias (ou más conversações) corrompem o bom caráter (ou os bons costumes). Ou seja, se nos juntarmos e dermos ouvidos aos ímpios, seremos influenciados por eles,  seremos corrompidos e isso acontece somente por um motivo, conforme segue no texto: Por não termos o menor conhecimento de Deus. Por não o buscarmos, por não dedicarmos tempo para comunhão com Ele, por não lermos a sua palavra. Aos Efésios, Paulo fala o seguinte: 

"As histórias obscenas, as conversas tolas e as piadas vulgares não são para vocês. Em vez disso, sejam agradecidos a Deus." Efésios 5:4 (NVT)

Logo, em nossas interações e relacionamentos, o "conselho dos perversos" não deve permanecer entre nós. Antes, que sejamos gratos a Deus. Mas como? Através da vida devocional com Ele, que deve ser convertida em boas obras de ação de graças, para a Glória de Deus.

Voltando ao Salmo 1, por outro lado, o texto nos diz que quem rejeita tudo isso é feliz. Temos a tendência de achar que ser feliz é um estado de alegria, mas ser feliz vai muito além de momentos alegres. Ser feliz significa ser satisfeito, independente de em qual circunstância estiver. Então, feliz é aquele que não consente com os ideais e práticas dos ímpios, antes tem prazer e medita na lei do Senhor dia e noite. Percebe o contraste? Meditar nos ensinos do Senhor nos torna felizes e recalibra a nossa ótica da vida. Colocamos as lentes da eternidade e passamos a enxergar a vida como uma dádiva, sabendo que o nosso Deus controla todas as coisas e que amá-lo significa também renunciar aos desígnios e práticas pecaminosas, porque queremos honrá-lo e agradecê-lo por tudo, nos colocando debaixo de Sua boa vontade para nossas vidas. O salmista continua:  

"Ele é como a árvore plantada à margem do rio, que dá seu fruto no tempo certo. Suas folhas nunca murcham, e ele prospera em tudo que faz." Salmos 1:3 (NVT)

O justo, aquele que tem prazer em meditar na lei do Senhor, é comparado a uma árvore plantada à margem de um rio. A figura aqui, provavelmente se refere à tamareira do deserto (Jeremias 17:5-8) plantada em um oásis bem irrigado. Perceba que não é uma árvore selvagem, natural, mas plantada. Quando buscamos ao Senhor, somos como essa árvore, que em meio ao deserto, é firme, frutífera e suas folhas nunca murcham. Somos plantados e irrigados a ponto de darmos frutos, mesmo em meio a um mundo caótico. Resistimos às provações (as folhas não murcham e nem caem), pois somos dependentes da provisão do Criador e não baixamos a cabeça e nem nos deixamos abalar pois confiamos Nele e entregamos o nosso caminho a Ele. Como consequência disso, prosperamos (e aqui não significa prosperidade financeira) em tudo o que fazemos, ou seja, sempre seremos úteis para o Senhor e todo o sustento, provisão e bênção concedidos, são feitos por meio das quais Ele possa nos fazer prosperar.

Então você pode me questionar: "Ah, isso é muito bonitinho, mas os ímpios mesmo assim, virando as costas ao Senhor, vivem muito melhor do que os justos. Prosperam financeiramente e o mal muitas vezes não os alcança."

Convido você a ler o restante do salmo:

"O mesmo não acontece com os perversos! São como palha levada pelo vento. Serão condenados quando vier o juízo; os pecadores não terão lugar entre os justos. Pois o Senhor guarda o caminho dos justos, mas o caminho dos perversos leva à destruição." Salmos 1:4-6 (NVT)

Os perversos são como palha levada pelo vento. O fim deles será terrível! Não há nada que façam que possa perdurar para a eternidade a não ser as suas próprias condenações. Enquanto desprezam a lei do Senhor e buscam se dar bem nesse mundo (E muitos alcançam esse feito), os justos buscam tesouros que ninguém jamais pode tirar, onde traças e ferrugem não destroem e ladrões não arrombam e nem furtam (Mateus 6:19). E nesse caminho, o Senhor os guarda, trazendo para eles o presente mais valioso que alguém os podia dar: Vida eterna ao lado Dele em Sua glória, onde "Ele lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e não haverá mais morte, nem tristeza, nem choro, nem dor." (Apocalipse 21:4)

Percebe a importância da vida devocional? O quanto meditar e ter prazer na lei do Senhor é bom? Nos torna felizes, independente de qualquer circunstância, nos dá forças para suportar as intempéries da vida e nos conduz para a vida eterna, onde o Senhor guarda os nossos caminhos e nos faz prosperar, dando frutos dignos de arrependimento.

Te faço um desafio. Nessa vida corrida, cheia de atividades, que você comece separando 1% do seu dia (15 minutos) para meditar na palavra do Senhor, orar e agradecer por tudo o que o Ele fez. Verás a diferença. E não somente isso, mas que sempre havia tempo para dedicar a Deus, mas você priorizava outras coisas...

Que o nosso Deus tenha misericórdia de nossas vidas e nos abençoe! 

quarta-feira, 20 de março de 2024

O MARIDO É SUPERIOR À ESPOSA? UMA REFLEXÃO À LUZ DE EFÉSIOS 5

 


Em nosso tempo, a instituição do casamento tem sido bastante criticada. Cada vez mais cresce o número de divorciados e a nova geração tem aprendido a ver o casamento de forma negativa, pois existe a questão da renúncia da própria vida e dos próprios interesses, para ambos viverem a vida um do outro. Com o modelo tradicional, onde o homem geralmente é o líder e provedor, algumas questões tem sido levantadas: A mulher tem que se submeter ao marido? O marido é superior à esposa? Porque a esposa tem que se submeter e o marido não? Essas e outras questões são muitas vezes mal interpretadas e geram bastante desconforto entre homens e mulheres. Uma correta compreensão de Efésios 5, nos mostra que esse pensamento de superioridade do marido em relação à esposa está equivocado. Vamos às escrituras.

No início do capítulo, o Apóstolo Paulo discorre sobre seguir o exemplo de vida de Jesus, exortando-nos a viver uma vida de amor e renúncia, onde devemos extirpar de nosso meio comportamentos pecaminosos que outrora praticávamos, pois antes vivíamos na escuridão e hoje vivemos na luz do evangelho e que, portanto, devemos andar na luz, procurando viver segundo a vontade de Deus (1-14).

Ele continua nos mostrando de que forma podemos andar na luz e em como podemos compreender a vontade do Senhor em nossas vidas: Vivendo pelo poder do espírito. Nos dá o exemplo da embriaguez, nos dizendo para não entregarmos o controle de nossos atos ao consumo exagerado do vinho, que nos deixa fora da consciência e entregues ao pecado, mas sim deixar que o Espírito controle a nossa vida. Como? Cantando salmos, hinos, cânticos espirituais entre nós e sendo gratos a Deus por tudo. Ou seja, substituindo práticas mundanas por espirituais (15-20).

Então, de forma prática, como vivermos pelo poder do espírito e sermos cheios Dele em nossas vidas? Sujeitando-nos uns aos outros por temor a Cristo (21). Aqui encontramos o princípio de onde devemos partir para vivermos uma vida de devoção e santidade. Em Filipenses 2:3-4, encontramos um complemento desse conceito: “Nada façam por ambição egoísta ou por vaidade, mas humildemente considerem os outros superiores a si mesmos. Cada um cuide, não somente dos seus interesses, mas também dos interesses dos outros.” Logo, todos devemos ser submissos uns aos outros, pois assim estaremos vivendo sob a vontade de Deus pelo poder do Espírito.

Tendo exposto toda a teologia, Paulo começa a exortar a camada social da época (maridos, esposas, pais, filhos, escravos e senhores) em, nos ofícios estabelecidos, como serem cheios do espírito, onde se estende até o capítulo 6, mas me deterei nesse caso apenas ao 5:22-33, sobre maridos e esposas. Ele inicia falando que as esposas devem ser submissas aos maridos, como ao Senhor, pois o marido é o cabeça da esposa como Cristo é o cabeça da igreja e assim como a igreja se sujeita a Cristo, a esposa deve se sujeitar em tudo ao seu marido (22-24). E aí é que começa a polêmica... É aí onde se interpreta que o homem é superior à mulher e, portanto, a mulher deve se colocar em seu lugar como inferior. Porém, para compreendermos o que Paulo quis dizer, precisamos olhar para todo o contexto. O que ocorre aqui é que muitos não compreendem as funções e papéis estipulados ao marido e à esposa, que não significam superioridade e sim complementarismo.

O primeiro ponto que gostaria de mais uma vez repetir e frisar, é o que foi construído ao longo do capítulo, sobre andar na luz e ser cheio do espírito. No texto, é preparado um terreno onde nos ensina que devemos abandonar os caminhos pecaminosos que andávamos e viver conforme Cristo andou, através do domínio do Espírito sobre nossos atos e conforme a vontade de Deus em nossa vida. Fazemos isso quando buscamos ao Senhor com práticas espirituais e vivemos entre os irmãos nos sujeitando uns aos outros, parando de pensar somente em nós mesmos e pensando em nosso próximo, assim como Cristo, que “embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se; mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens” (Filipenses 2:6-7).

O segundo ponto é que precisamos primeiramente entender o papel e responsabilidade do marido. O que significa o marido ser o cabeça da esposa, como Cristo é o cabeça da igreja? Vejamos os versos a seguir: “Maridos, ame cada um a sua esposa, como Cristo amou a igreja. Ele entregou a vida por ela, a fim de torná-la santa, purificando-a ao lavá-la com água por meio da palavra” (25-26). Percebe aqui a responsabilidade que foi imposta aos maridos? Eles devem amar as suas esposas como Cristo amou a igreja. Isso é ser o cabeça da esposa: Amá-la a ponto de dar a sua vida por ela. E tem mais. Conforme segue nos versos 27 ao 30: “Assim o fez para apresentá-la a si mesmo como igreja gloriosa, sem mancha, ruga ou qualquer outro defeito, mas santa e sem culpa. Da mesma forma, os maridos devem amar cada um a sua esposa, como amam o próprio corpo, pois o homem que ama sua esposa na verdade ama a si mesmo. Ninguém odeia o próprio corpo, mas o alimenta e cuida dele, como Cristo cuida da igreja. E nós somos membros de seu corpo.” Ou seja, é dever do marido amar a esposa como ama a si mesmo e cuidar dela, não somente fisicamente, mas espiritualmente, para que ela permaneça nos caminhos do Senhor. Ele completa o argumento no próximo verso, citando as escrituras: “Por isso o homem deixa pai e mãe e se une à sua mulher, e os dois se tornam um só (Gênesis 2:24)”.

Portanto, precisamos entender os papéis e responsabilidades que foram instituídos por Deus para cada um. O marido, deve amar, cuidar e se sacrificar pela esposa. Fazer por ela tudo que faria para si mesmo. É dessa forma que o marido se sujeita à esposa, ele é responsável por ela perante Deus. A esposa, deve ser submissa ao marido, como à Cristo. Ou seja, estar com ele, ajudá-lo e respeitá-lo, sabendo que ambos são somente uma só carne e estão sob a mesma missão, porém com papéis e funções diferentes e que se complementam, não os tornam superiores ou inferiores. Agora, vale ressaltar que essa submissão, é diferente de abusos que têm sido vistos por aí. Nenhuma esposa deve se submeter a um marido que a trata como inferior, ou que a faça de escrava, ou até mesmo que a abuse psicologicamente ou fisicamente. O padrão de marido na qual a esposa deve se submeter é o apresentado no texto, aquele que cuida e dá a sua vida por ela e o padrão de esposa que o marido deve se sujeitar é o da mulher que o respeita, compreende os papéis e está junto com ele na mesma missão.

Por fim, o casamento foi instituído por Deus para que o marido e a esposa, ao se tornarem um, possam viver na prática, o evangelho. No casamento tem que haver amor, renúncia a si mesmo e perdão. Como também, os papéis e responsabilidades dados por Deus ao marido e a esposa são uma grande ilustração do nosso relacionamento com Cristo, conforme o verso 32: “Esse é um grande mistério, mas ilustra a união entre Cristo e a igreja.” 

Maridos e esposas, que vivamos conforme o Senhor através da sua palavra nos instruiu. Assim como o corpo de Cristo tem diferentes membros e funções, mas é apenas um, assim também sejamos uma só carne, vivamos um em prol do outro e saibamos o nosso papel, unidos em um mesmo propósito, sob a mesma missão. Dessa forma, demonstraremos que estamos vivendo pelo poder do Espírito, para a glória de Deus.

domingo, 24 de dezembro de 2023

A MENSAGEM DO NATAL

Essa é a mensagem do natal (Narrativa de Mateus):

- José ao estar comprometido em casar com Maria e saber que ela estava grávida, mesmo sem ter coabitado com ele, com medo, quis se separar para manter a sua boa reputação e para proteger Maria, porque a amava. Em sonho, um anjo fala com ele, dizendo para não ter medo, pois o que havia no ventre de Maria foi gerado pelo Espírito Santo e quem havia de nascer seria, nada menos que o esperado salvador do seu povo. José confia no Senhor e permanece com Maria;

- Herodes, o grande, rei da Judéia, soube pelos viajantes astrólogos (sábios orientais) que uma estrela indicava o nascimento do rei dos judeus, na cidade de Belém. Temendo o seu reinado, pediu para eles, assim que o achassem, lhe dissessem onde ele estava para também o adorar;

- Os astrólogos, ao encontrarem Jesus no local indicado pela estrela, entraram na casa com grande alegria, o adoraram e o deram presentes (ouro, incenso e mirra), que eram presentes geralmente dado aos reis. Ao irem embora, foram advertidos em sonho para que não avisassem nada a Herodes e partiram por um caminho diferente;

- José, foi avisado em sonho, que Herodes pretendia matar a Jesus e que deveria levar Maria e Jesus para o Egito, que lá estariam a salvos dele. Naquela mesma noite, José parte com Maria e Jesus para o Egito, conforme foram instruídos;

- Herodes descobre que foi enganado pelos astrólogos e dá a ordem para matar todos os meninos de Belém até os dois anos de idade. Um grande lamento se levantou naqueles dias;

- José, algum tempo depois, ao saber através de um anjo, da morte de Herodes, regressa a Jerusalém com Maria e Jesus, mas não mais para Belém, por saber que o filho de Herodes, Arquelau, era o novo governador. Foram para a Galiléia, para uma cidade chamada Nazaré e lá cuidaram do menino Jesus em segurança;

- Todos os fatos acima foram ditos anteriormente pelos profetas, se cumprindo o que Deus havia transmitido ao longo da história ao seu povo.

Jesus nasceu, significa que nenhum dos planos do Senhor podem ser frustrados. Que Ele é o soberano dono da história, do tempo, do início, do fim. Significa que o Emanuel veio e cumpriu sua missão, salvando o seu povo da condenação, dando a sua vida pelo resgate de muitos.

Jesus nasceu, significa que não importa quantos se levantem contra Ele, não importa quantas provações passaremos, pois aquele que começou a boa obra é fiel para cumprí-la. Jesus nasceu, nos diz que podemos caminhar, sabendo que no fim tudo ficará bem.

Feliz natal!

quinta-feira, 21 de dezembro de 2023

O AMOR AOS NOSSOS INIMIGOS

 


“Pois ele dá a luz do sol tanto a maus como a bons e faz chover tanto sobre justos como injustos.” Mateus 5:45b

No sermão do monte, o Senhor Jesus nos traz diversos ensinamentos sobre a vida prática de um cristão, em como devemos viver. Nesse trecho, Ele nos apresenta aquilo que conhecemos como graça comum, que é a graça que o Senhor derrama a todos sem fazer distinção. Ao amanhecer o dia, o sol nasce para todos e ao enviar chuva, tanto justos como injustos são atingidos. Ou seja, no contexto da agricultura por exemplo, que era um dos principais meios de sustento dos homens na época, quando chovia, aumentava a irrigação das plantações, o que fazia com que aumentasse a produtividade e tornava o agricultor próspero em sua terra. E não havia distinção, tanto aquele que era fiel a Deus recebia as chuvas, tanto o idólatra infiel também recebia e ambos prosperavam. Mas então, porque Deus age assim? Estaria sendo Ele injusto para com aqueles que o amam?

Em primeiro lugar, o Senhor age assim por causa de sua benevolência e misericórdia. Deus é bom e a sua misericórdia inesgotável é a causa de não sermos consumidos (Lamentações 3:22). Em segundo lugar, julgamos como injustiça por termos dentro de nós a concepção errada de que por amarmos a Deus, somos merecedores de suas bênçãos e os outros não. Ocorre que, conforme o termo, “graça comum” é graça. Ou seja, ninguém é merecedor. Deus não tem obrigação alguma de agir de forma favorável a qualquer pessoa, porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus (Romanos 3:23). Mesmo assim, Ele derrama bênçãos sobre todos. Ele é bom em uma forma que não conseguimos mensurar.

O que Jesus quis nos ensinar ao nos revelar a grandiosa bondade de Deus?

Ao lermos toda a perícope (Mateus 5:43-48), vemos um precioso ensinamento sobre o amor pelos inimigos. Mas como assim, amar àqueles que não nos querem bem, que nos fazem mal?

Ele começa dizendo: “Ouviram o que foi dito: Ame o seu próximo e odeie o seu inimigo.” (Verso 43)

O Senhor estava falando de uma porção da lei que consta em Levítico 19:18, que diz assim: “Não procurem se vingar nem guardem rancor de alguém do seu povo, mas cada um ame ao seu próximo como a si mesmo. Eu sou o Senhor.”

Na cultura judaica, houve a interpretação de que o próximo seria alguém do seu povo. Portanto, cada um deveria amar todo aquele que pertencesse ao povo hebreu. Posteriormente, os rabinos acrescentaram o “odeie os seus inimigos”, ou seja, se teriam que amar aquele que era judeu, deveriam odiar todo aquele que fosse gentio.

Jesus continua: “Eu, porém, lhes digo: amem os seus inimigos e orem por quem os persegue.” (Verso 44)

Ora, porque deveriam amar os inimigos e orar por aqueles que os perseguiam? Ele estava querendo abrir os olhos deles para que eles fossem bondosos e misericordiosos assim como o Pai era. E que dessa forma estariam agindo verdadeiramente como filhos de Deus, pois assim como Ele abençoa tanto justos como injustos, mesmo ambos não merecendo, assim deveriam também amar os seus inimigos e orar por eles (Verso 45). Ele prossegue explicando que não adianta apenas amar aqueles que os amam, pois os cobradores de impostos e os gentios fazem o mesmo (Versos 46 e 47). Percebe o que Ele está querendo dizer pra eles? Os cobradores de impostos eram judeus corruptos que trabalhavam voluntariamente para o império romano, que oprimia, extorquia o povo e eram considerados traidores, piores que os pecadores. Os gentios eram o povo que eles odiavam. Os judeus se achavam superiores, a ponto de se tornarem impuros se houvesse contato físico com algum gentio. Jesus estava dizendo a eles que agindo dessa forma, eles eram todos iguais e que nada os diferia.

Ele conclui dizendo: “Portanto, sejam perfeitos, como perfeito é seu pai celestial.” (Verso 48)

Mas, como assim, sejam perfeitos? Entendemos a palavra “perfeito” como sendo alguém sem erro algum e quando olhamos para nós mesmos, vemos que isso não é possível e não conseguimos compreender o que Jesus quis dizer com “sejam perfeitos”. A palavra utilizada no grego é a “Teleios”, que foi traduzida como “perfeito”, mas pode significar também “completo”, “que não carece de nada para estar completo” ou “maduro”. Como não podemos ser perfeitos no sentido de impecabilidade, acredito que o sentido é que sejamos completos, maduros e que procuremos olhar para Deus, o buscando e tentando seguir o seu exemplo, como padrão para nossas vidas.

Enquanto o mundo busca amar somente aqueles que os amam e pensam da mesma forma, odiando todos os que se opõem a eles, a ponto de criar uma cultura do cancelamento, nós somos chamados a ir na contramão, amando os nossos inimigos e orando por eles. Que possamos refletir naquilo que o nosso Deus é, no seu caráter perfeito, que abençoa a todos sem distinção, porque é bom e misericordioso. Nós o amamos porque Ele nos amou primeiro, mesmo sem merecermos e da mesma forma devemos amar àqueles que consideramos nossos inimigos, pois se não os amarmos, agiremos da mesma forma que eles e não seremos como verdadeiros filhos de Deus. Que o Senhor nos abençoe e nos ajude a permanecer no caminho como servos fiéis e obedientes à sua palavra!

quarta-feira, 29 de novembro de 2023

A ANSIEDADE E A VIDA

 
Em nossos dias, vivemos em uma sociedade influenciada por uma cultura, que o filósofo sul-coreano Byung-Chul Han define como a "sociedade do desempenho", onde "estabelece modos de vida que se expressam por um excesso ou tirania da positividade, produzindo sujeitos que devem buscar sempre superar-se com relação aos seus ganhos. Com isso, são engendradas subjetividades e sociabilidades agenciadas pela multitarefa e constante (auto)produção." ¹ Diante desse cenário, vemos as pessoas o tempo todo se movimentando, com ideais que os levam à busca da superação em relação ao outro e que para serem os melhores, precisam estar constantemente correndo, visando o seu desempenho e produtividade. Dedicam as suas vidas a cada vez mais apresentar resultados, no que ele chama de "violência neuronal", gerando pessoas extremamente cansadas, ansiosas e doenças como depressão, transtornos dos mais variados tipos, burnout, etc.
As dúvidas que ficam são: Como a humanidade chegou a esse ponto? Porque a ansiedade e seus derivados dominam a nossa mente? Como viver longe dessa influência danosa da visão pós-moderna?

Pois bem, gostaria de responder a essas perguntas com as escrituras sagradas, partindo da carta do Apóstolo Paulo aos Filipenses:

"Não vivam preocupados com coisa alguma; em vez disso, orem a Deus pedindo aquilo de que precisam e agradecendo-lhe por tudo que ele já fez. Então vocês experimentarão a paz de Deus, que excede todo entendimento e que guardará seu coração e sua mente em Cristo Jesus." Filipenses 4:6-7.

Quero destacar algumas lições preciosas desse texto:

1- Não vivam preocupados com coisa alguma.
Você pode me dizer que é muito fácil falar, que é impossível não se preocupar, não ficar ansioso com alguma coisa. De fato, todos nascemos com a ansiedade dentro de nós e é impossível fugir dela. Ao aguardar por algo, por exemplo, é natural ficarmos ansiosos até aquele momento chegar. Ao presentearmos alguém, esperamos para ver a reação de quem presenteamos, ao recebermos um presente, ficamos curiosos para saber o que ganhamos, ao fazer uma prova, queremos saber qual nota tiramos, etc. Até aí tudo bem, isso é perfeitamente normal, faz parte da nossa natureza. O problema é quando essa ânsia por algo, se torna aquilo na qual colocamos a nossa esperança, aquilo que começa a dominar os nossos pensamentos e ações. E é sobre esse tipo de ansiedade que Paulo fala aqui. 
A ansiedade pode ser descrita como "a reação prolongada de um organismo a qualquer possível ameaça futura." ², ou seja, a ansiedade está ligada geralmente mais a uma expectativa de perigo do que algo real. São muitas vezes, conclusões de algo que ainda não aconteceu ou o medo excessivo do que pode acontecer. A cultura pós-moderna tem gerado expectativas nas pessoas que as têm frustrado constantemente. Temos concentrado nossos esforços em busca de superação e realização na vida, nos colocando como donos de nosso próprio destino, quando nem mesmo conseguimos acrescentar ao menos uma hora à nossa vida (Mt 6:27). Temos colecionado os ídolos do sucesso, da prosperidade material e do orgulho em nosso coração, para cada vez mais tentar satisfazer o nosso ego. "Trabalhamos em coisas que não gostamos, fazemos dietas que detestamos. Realizamos todo tipo de coisas, não pelo prazer de realizá-las, mas apenas para construir um currículo que impressione. Quando nos comparamos com os outros e tentamos nos sobressair, estamos nos vangloriando. Com isso, tentamos ser os melhores e desenvolver um currículo que aumente nossa autoestima, uma vez que estamos desesperados por compensar nosso sentimento de impotência e vazio." ³. Estamos cansados, sobrecarregados, ansiosos, depressivos, doentes... 
Mas, diante de tudo isso, como mudar esse quadro? Paulo pede para que os Filipenses tenham o mesmo modo de pensar, o mesmo amor, um só espírito e uma só atitude (Fp 2:2). Ele pede para que eles estejam sempre alegres no Senhor e que a amabilidade deles seja conhecida por todos (Fp 4:4-5). Mas como isso é possível? Nos voltando para o Único que pode preencher esse vazio que tentamos ocupar com as coisas desse mundo: Deus.

2- Orem a Deus pedindo aquilo de que precisam.
Muitas vezes andamos angustiados e queremos a qualquer custo alcançar a paz em nosso coração por diversos meios, porém, percebemos que quanto mais buscamos do nosso jeito, mais distante ficamos dela, pelo motivo de que não estamos no controle de nenhuma situação adversa que enfrentamos. Queremos ficar bem, mas não oramos. E quando oramos, não recebemos o que pedimos porque pedimos pelos motivos errados, simplesmente pensando em nosso prazer (Tg 4:3). O Senhor Jesus, no sermão do monte, nos ensina a orar corretamente. Em primeiro lugar, devemos santificar o nome de Deus, pedir para que a Sua vontade seja feita (Mt 6:9-10) e depois apresentarmos as nossas súplicas. Percebe a diferença? O mundo nos empurra para cada vez mais confiarmos em nós mesmos, porque somos "capazes" de conduzir e controlar as nossas próprias vidas e quando a realidade mostra que não é bem assim, nós caímos e ficamos sem rumo. Somos chamados a confiar no Pai, que detém todo o poder e a natureza de Sua vontade é boa, agradável e perfeita (Rm 12:2). Devemos orar a Deus, não porque Ele precisa de nossas orações, mas porque precisamos inteiramente Dele e só Ele pode acalmar o nosso coração ansioso.

3- Agradecendo por tudo o que ele já fez.
Um coração grato é o anticorpo para a ansiedade. Ao orarmos a Deus e apresentarmos os nossos pedidos, devemos sempre nos lembrar de tudo o que Ele já fez em nossas vidas. Não somente isso, mas agradecê-lo por estar sempre conosco. Quando estamos preocupados, a tendência é nos esquecermos disso e entregarmos nossos pensamentos a somente o que está ruim, a olharmos somente para os nossos problemas. Me lembro de uma canção de Sérgio Lopes: "Tente lembrar se alguma vez Jesus te abandonou, tente lembrar quantas vezes Ele já te levantou..." ou uma outra canção do Projeto Sola que diz assim: "Quando o coração estiver aflito, se lembre do que Ele fez, tudo que criou e sustenta pelo poder da Sua mão...". Quando somos gratos, recalibramos o nosso coração, sabendo que o Senhor está conosco, nunca nos abandonou e que tudo sustenta pelo poder de Sua mão.
4- Então vocês experimentarão a paz de Deus.
A paz que tanto procuramos, não está em nós, não está no que podemos ter ou fazer. Fracassamos por procurar a paz em seres finitos ao invés daquilo que é eterno. Em coisas imperfeitas ao invés daquele que é Perfeito. Eis aí o antídoto para as preocupações desta vida: Que nossas petições sejam em tudo apresentadas diante de Deus, através das orações e que nos voltemos a Ele constantemente com ações de graças. Só assim, a verdadeira paz, na qual nenhum ser vivo pode ser capaz de compreender, nos alcançará, guardando o nosso coração (Tudo aquilo que sentimos) e a nossa mente (Tudo aquilo que pensamos) em Cristo Jesus, que nos diz: 
“Venham a mim todos vocês que estão cansados e sobrecarregados, e eu lhes darei descanso. Tomem sobre vocês o meu jugo. Deixem que eu lhes ensine, pois sou manso e humilde de coração, e encontrarão descanso para a alma." (Mt 11:28-29).

Talvez você que chegou até aqui, possa estar em um estado avançado, onde a sua ansiedade se tornou patológica a ponto de te levar à depressão ou algum tipo de transtorno e você luta contra ela todos os dias. Eu quero te dizer umas palavras: Inicie ou continue o tratamento adequado, seja através da psicoterapia ou psiquiatria. Creia que Deus é o Criador de toda medicina e ciência, e que nos beneficiou com meios naturais para tratar de nossas enfermidades também. Ore ao Senhor, seja sempre grato e "lance sobre Ele toda a ansiedade, porque Ele tem cuidado de você!" (1 Pedro 5:7).

Que a Paz do Senhor esteja com cada um de nós!


¹Byung-Chul Han. Sociedade do Cansaço. Editora Vozes.
²Bibotalk. Nova Mentalidade - Conversas em torno da carta de Paulo aos Filipenses. Mundo Cristão, Pág. 108.
³Timothy Keller. Ego Transformado. Vida Nova, Pág. 22.

terça-feira, 31 de outubro de 2023

A REFORMA PROTESTANTE


Hoje, 31/10/2023, comemoramos os 506 anos da Reforma Protestante, evento este que culminou na divisão da igreja entre católicos e protestantes. É importante falarmos um pouco sobre isso pois, muitos dos que se dizem cristãos protestantes (ou evangélicos), não conhecem a história, somente ouviram falar de um carinha chamado Lutero que se rebelou contra os abusos e heresias da igreja católica medieval. Mas como isso aconteceu? Qual a razão para Lutero se rebelar contra a igreja? Quais as lições desse movimento para os dias atuais? Vejamos a seguir.

No século 16, a igreja havia se distanciado das escrituras, onde ao invés de ensinar sobre a justificação pela fé, disseminava a salvação pelas obras e a sua liderança estava envolvida em corrupção aliada ao estado, causando muita insatisfação. Muito antes dessa época, alguns tentaram protestar contra o sistema, mas não obtiveram sucesso. É o caso de John Wycliffe (1328-1384) e John Huss (1369-1415) (Recomendo muito que pesquisem sobre esses pré-reformadores). Ocorre que, em uma jogada política, a igreja começou a implantar um esquema especial de venda de indulgências, com o intuito de arrecadar fundos para as obras da Basílica de São Pedro. As cartas de indulgências eram vendidas e as pessoas podiam comprar a salvação pessoal, o perdão dos pecados e até resolver o problema de pessoas que já haviam morrido e estavam no "purgatório".
É nesse cenário que surge Martinho Lutero, um monge agostiniano nascido na Saxônia, que ao meditar nas escrituras e se aprofundar nas doutrinas paulinas, se depara com as palavras: "Porque no Evangelho é revelada a justiça de Deus, uma justiça que do princípio ao fim é pela fé, como está escrito: O Justo viverá pela fé." (Romanos 1:17), gerando um confronto a tudo o que estava sendo ensinado pela igreja. Então, em 31 de outubro de 1517, Lutero se dirige à capela de Wittenberg e prega em sua porta, um documento que continha 95 teses que questionavam a interpretação da igreja no que diz respeito às indulgências, penitências e a salvação pela fé. Essa época coincidiu com o surgimento da imprensa, o que facilitou a propagação das 95 teses, causando uma extrema tensão entre a igreja e os fiéis. É importante frisar que Martinho Lutero não tinha intenção de dividir a igreja e sim convidar os teólogos a um debate e reflexão. Ele queria propor uma reforma de dentro para fora, chamando a igreja ao arrependimento e à volta às escrituras. A liderança da igreja não admitiu o protesto de Lutero, nem aceitou o convite ao debate e começou a perseguí-lo.

Dieta de Worms
Em 1521, ocorreu a Dieta de Worms, que foi uma assembleia imperial convocada pelo imperador Carlos V, na cidade de Worms, para que Lutero negasse tudo o que havia escrito, pois as 95 teses haviam gerado muitos problemas para o Papa de Roma. A assembleia era formada por um tribunal eclesiástico e poderes civis, poderia inclusive gerar uma condenação para ele, como herege. Conforme conta a história, no decorrer do tribunal, Lutero então proferiu suas famosas palavras:

"A não ser que eu esteja convencido pelo testemunho das Escrituras ou por uma clara razão (pois não confio no papa, nem apenas em concílios, visto que é bem sabido que eles têm errado frequentemente e se contradizem), estou preso às Escrituras que tenho citado e minha consciência é cativa à Palavra de Deus. Não posso negar, e não negarei nada, pois não é seguro nem direito ir contra a consciência. Não posso fazer de outro modo. Que Deus me ajude! Amém."

Como resultado, o imperador condenou Lutero como herege e pronunciou sobre ele uma pena de morte.
Lutero foi salvo da prisão e da morte pelo príncipe da Saxônia. Enquanto isso, uma revolta contra Roma espalhou-se em várias cidades, sacerdotes e concílios municipais removeram estátuas das igrejas e abandonaram as missas, fortalecendo assim o movimento que ficou conhecido como a Reforma Protestante.

Posteriormente, os reformadores sintetizaram os pilares da Reforma Protestante, que são conhecidos como os "5 Solas":

Sola Scriptura (Somente a Escritura) - Significa que somente a escritura é suficiente. Ou seja, somente a palavra de Deus pode ser utilizada como regra de fé e prática pela igreja, contrapondo por exemplo a autoridade papal, que para os católicos se equipara às escrituras;

Solus Christus (Somente Cristo) - Significa que somente Cristo é o único mediador entre Deus e os homens, contrapondo por exemplo, que Maria e os "santos" também são mediadores;

Sola Gratia (Somente a Graça) - Significa que a salvação é somente pela graça e não por méritos humanos, contrapondo por exemplo, as indulgências daquela época e as "promessas e rituais" que são feitos por interesse de receber algo em troca;

Sola Fide (Somente a Fé) - Significa que a justificação é somente pela fé em Cristo e isso não é um dom que vem de nós, é um dom de Deus. Não é por aquilo que podemos fazer;

Soli Deo Gloria (Somente a Deus a Glória) - Significa que toda Glória existente pertence a Deus, que o propósito único da criação de todas as coisas e da salvação do homem é a Glória de Deus.

O que podemos aprender com Martinho Lutero e a Reforma Protestante?

Primeiro, que devemos ter a coragem e ousadia de Lutero quando defendemos aquilo que cremos. Se dizemos crer em Jesus e na sua palavra, temos que estar a cada dia meditando e nos enraizando nela, assim como Pedro e os apóstolos, quando questionados e ao enfrentarem oposição, disseram: "Mais importa obedecer a Deus do que aos homens..." (Atos 5:29);

Segundo, que assim como Lutero, não entremos em discussões com a intenção de acharmos que estamos sempre certos (Lutero estava disposto a voltar atrás de qualquer posição se houvesse algum argumento sólido que o refutasse), mas que debatamos com o intuito de glorificar a Deus e de estarmos cada vez mais próximos da Sua palavra; 

E terceiro... Você pode estar pensando: "Hoje tenho visto igrejas seguindo o mesmo caminho (ou até pior) das igrejas católicas medievais. Eu preciso concordar com você. Muitos estão trilhando caminhos cada vez mais distantes da escritura, pois, devido à nossa condição humana pecaminosa, temos a tendência de nos afastarmos, algumas vezes até sem perceber. A pergunta que sempre fica é: É preciso uma nova reforma? Eu respondo com a frase do teólogo reformado holandês Gilbertus Voet: "Ecclesia Reformata et Semper Reformanda est”, ou seja: "Igreja Reformada, sempre se reformando...". Mantenhamos sempre a nossa consciência e nossa mente cativas às Escrituras e nos voltemos sempre ao verdadeiro evangelho, a saber, o evangelho da Cruz.

Soli Deo Gloria!