“Pois ele dá a luz do sol tanto a maus como a bons e faz chover tanto sobre justos como injustos.” Mateus 5:45b
No sermão do monte, o Senhor Jesus nos traz diversos ensinamentos sobre a vida prática de um cristão, em como devemos viver. Nesse trecho, Ele nos apresenta aquilo que conhecemos como graça comum, que é a graça que o Senhor derrama a todos sem fazer distinção. Ao amanhecer o dia, o sol nasce para todos e ao enviar chuva, tanto justos como injustos são atingidos. Ou seja, no contexto da agricultura por exemplo, que era um dos principais meios de sustento dos homens na época, quando chovia, aumentava a irrigação das plantações, o que fazia com que aumentasse a produtividade e tornava o agricultor próspero em sua terra. E não havia distinção, tanto aquele que era fiel a Deus recebia as chuvas, tanto o idólatra infiel também recebia e ambos prosperavam. Mas então, porque Deus age assim? Estaria sendo Ele injusto para com aqueles que o amam?
Em primeiro lugar, o Senhor age assim por causa de sua benevolência e misericórdia. Deus é bom e a sua misericórdia inesgotável é a causa de não sermos consumidos (Lamentações 3:22). Em segundo lugar, julgamos como injustiça por termos dentro de nós a concepção errada de que por amarmos a Deus, somos merecedores de suas bênçãos e os outros não. Ocorre que, conforme o termo, “graça comum” é graça. Ou seja, ninguém é merecedor. Deus não tem obrigação alguma de agir de forma favorável a qualquer pessoa, porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus (Romanos 3:23). Mesmo assim, Ele derrama bênçãos sobre todos. Ele é bom em uma forma que não conseguimos mensurar.
O que Jesus quis nos ensinar
ao nos revelar a grandiosa bondade de Deus?
Ao lermos toda a perícope (Mateus 5:43-48), vemos um precioso ensinamento sobre o amor pelos inimigos. Mas como assim, amar àqueles que não nos querem bem, que nos fazem mal?
Ele começa dizendo: “Ouviram
o que foi dito: Ame o seu próximo e odeie o seu inimigo.” (Verso 43)
O Senhor estava falando de uma porção da lei que consta em Levítico 19:18, que diz assim: “Não procurem se vingar nem guardem rancor de alguém do seu povo, mas cada um ame ao seu próximo como a si mesmo. Eu sou o Senhor.”
Na cultura judaica, houve a interpretação
de que o próximo seria alguém do seu povo. Portanto, cada um deveria amar todo
aquele que pertencesse ao povo hebreu. Posteriormente, os rabinos acrescentaram
o “odeie os seus inimigos”, ou seja, se teriam que amar aquele que era judeu,
deveriam odiar todo aquele que fosse gentio.
Jesus continua: “Eu, porém, lhes digo: amem os seus inimigos e orem por quem os persegue.” (Verso 44)
Ora, porque deveriam amar os inimigos
e orar por aqueles que os perseguiam? Ele estava querendo abrir os olhos deles
para que eles fossem bondosos e misericordiosos assim como o Pai era. E que dessa
forma estariam agindo verdadeiramente como filhos de Deus, pois assim como Ele
abençoa tanto justos como injustos, mesmo ambos não merecendo, assim deveriam
também amar os seus inimigos e orar por eles (Verso 45). Ele prossegue explicando
que não adianta apenas amar aqueles que os amam, pois os cobradores de impostos
e os gentios fazem o mesmo (Versos 46 e 47). Percebe o que Ele está
querendo dizer pra eles? Os cobradores de impostos eram judeus corruptos que trabalhavam
voluntariamente para o império romano, que oprimia, extorquia o povo e eram considerados traidores,
piores que os pecadores. Os gentios eram o povo que eles odiavam. Os judeus se achavam
superiores, a ponto de se tornarem impuros se houvesse contato físico com algum gentio.
Jesus estava dizendo a eles que agindo dessa forma, eles eram todos iguais e que
nada os diferia.
Ele conclui dizendo: “Portanto, sejam perfeitos, como perfeito é seu pai celestial.” (Verso 48)
Mas, como assim, sejam
perfeitos? Entendemos a palavra “perfeito” como sendo alguém sem erro algum e
quando olhamos para nós mesmos, vemos que isso não é possível e não conseguimos
compreender o que Jesus quis dizer com “sejam perfeitos”. A palavra utilizada
no grego é a “Teleios”, que foi traduzida como “perfeito”, mas pode significar
também “completo”, “que não carece de nada para estar completo” ou “maduro”.
Como não podemos ser perfeitos no sentido de impecabilidade, acredito que o sentido é que sejamos completos, maduros e que procuremos
olhar para Deus, o buscando e tentando seguir o seu exemplo, como padrão para
nossas vidas.
Enquanto o mundo busca amar somente aqueles que os amam e pensam da mesma forma, odiando todos os que se opõem a eles, a ponto de criar uma cultura do cancelamento, nós somos chamados a ir na contramão, amando os nossos inimigos e orando por eles. Que possamos refletir naquilo que o nosso Deus é, no seu caráter perfeito, que abençoa a todos sem distinção, porque é bom e misericordioso. Nós o amamos porque Ele nos amou primeiro, mesmo sem merecermos e da mesma forma devemos amar àqueles que consideramos nossos inimigos, pois se não os amarmos, agiremos da mesma forma que eles e não seremos como verdadeiros filhos de Deus. Que o Senhor nos abençoe e nos ajude a permanecer no caminho como servos fiéis e obedientes à sua palavra!
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